GÉMEOS SEPARADOS À NASCENÇA

O MPLA sempre esteve solidário com os criminosos donos da Venezuela. Eduardo dos Santos com Hugo Chávez e João Lourenço com Nicolás Maduro. Angola “não tem razões para deixar de reconhecer o Governo” da Venezuela, pois é “legítimo e eleito”, disse em Março de 2019 o chefe da diplomacia do MPLA, Manuel Augusto, que defendeu o diálogo como a única solução para a crise naquele país. O Partido Comunista Português (PCP), por exemplo, diz a mesma coisa. Quem sai aos seus…

Desde meados do século XX, a história da Venezuela tem sido marcada pela criminosa incompetência em aproveitar o petróleo para elevar o país a outros patamares de qualidade de vida. A boa colocação do país nos rankings dos anos 1990 não era uma novidade: já em 1950, graças à exploração dos combustíveis fósseis, os venezuelanos chegaram a ter o quarto maior Produto Interno Bruto per capita do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Suíça e Nova Zelândia. Em 1995, ao mesmo tempo em que tinha o PIB per capita mais alto da América Latina, a Venezuela também contava com dois terços da sua população a viver na pobreza.

Manuel Augusto afirmou: “Obviamente que o Estado angolano não tem razões para deixar de reconhecer o Governo da Venezuela. É um governo legítimo e eleito e é com ele que temos relações diplomáticas. No que diz respeito à crise na Venezuela, Angola pugna pelo diálogo e parece que é esta posição é a que vai prevalecer. Com as últimas informações, com os últimos sinais, tudo indica que não há outra saída se não o diálogo”, sublinhou Manuel Augusto.

O ministro das Relações Exteriores angolano, que falava numa conferência de imprensa destinada a “lançar” a visita de Estado do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, salientou que o apelo ao diálogo é a “vocação” de Angola, “princípio” pelo qual Luanda conta com uma embaixada venezuelana e Caracas com um consulado angolano.

E, como desde 1975, a “vocação” do MPLA (que o governo do general João Lourenço confunde com Angola) só é para o diálogo quando lhe convém. Basta ver o que fez nos massacres do 27 de Maio de 1977 em Angola, ou que o nesta altura faz com a violação dos direitos humanos, por exemplo.

“Esta é uma vocação de Angola, é um princípio e, por isso, continuamos a ter aqui uma embaixada da Venezuela, devidamente representada, temos um consulado na Venezuela, devidamente representado, e estamos desejosos que o povo venezuelano, em primeira instância, possa encontrar os caminhos, através da negociação, para resolverem este problema”, afirmou.

Nesse sentido, Manuel Augusto apelou à comunidade internacional para que mantenha “um papel positivo”, apoiando o diálogo e na procura de soluções “que não tragam outros campos de batalha”.

“Um papel positivo”, na linguagem do MPLA, quer dizer cedência aos autocratas, aos cleptocratas, aos ditadores, aos demagogos. Aliás, como se vê no contexto das nações democratas, todas os bons partidos mundiais, do PCP ao Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, do Partido Democrático da Guiné Equatorial ao MPLA, estão de acordo.

Sobre a crise venezuelana da altura, a União Africana (UA), de que Angola faz parte, defendeu também o diálogo entre as partes para que se possa resolver a situação.

Em relação à “pequena comunidade angolana” residente na Venezuela, entre funcionários do Governo e alguns estudantes, Manuel Augusto disse não haver conhecimento de qualquer incidente.

Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pela oposição ao Presidente Nicolás Maduro, autoproclamou-se presidente interino em 23 de Janeiro de 2019 evocando a Constituição.

Foi reconhecido como Presidente interino e apoiado por meia centena de países, incluindo Portugal, mas Maduro, que tem entre os seus aliados a Rússia, denunciou uma tentativa de golpe de Estado fomentada pelos Estados Unidos. Tal como hoje.

O que o MPLA, perdão, o PCP, diz

O «PCP considera que Portugal deve pautar as relações institucionais com a Venezuela pelo respeito da Constituição da República Portuguesa, dissociando-se das acções de desestabilização e agressão contra aquele País e o seu povo.

O PCP salienta que Nicolás Maduro foi legitimamente eleito Presidente da República Bolivariana da Venezuela para o mandato de 2019-2025, em conformidade com a vontade do povo venezuelano expressa nos resultados da eleição presidencial de 20 de Maio de 2018 e de acordo com a ordem constitucional venezuelana.

O PCP condena o incremento da escalada de ingerência promovida pelos EUA e seguida de forma subserviente por países do denominado ‘Grupo de Lima’. Escalada que se insere na operação de desestabilização e bloqueio económico, financeiro, político e diplomático que tem vindo a ser intensificada pela Administração norte-americana dirigida por Donald Trump, incluindo com a aplicação de sanções e mesmo a ameaça de intervenção militar, em afronta à Carta das Nações Unidas e visando atingir, antes de mais, a economia da Venezuela e as condições de vida do seu povo.

O PCP apela à solidariedade para com a defesa da soberania e independência nacional da Venezuela e a resistência e luta do povo venezuelano, para prosseguir o caminho das conquistas e avanços aberto pela Revolução bolivariana.»

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